8/1 e MST devem ser tratados como diferentes, mas dentro da lei
A animada semana política foi incrementada, nos últimos dias, pela proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o MST no Câmara dos Deputados.
Conforme prometera, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra fez com que – sem trocadilho – o Abril Vermelho não passasse em branco.
Foram pelo menos 11 invasões, em diversos estados.
Na lista estão fazendas e outros tipos de propriedades privadas e de órgãos públicos, como Incra e Embrapa – incluindo sedes.
Ruralistas
Pressionado pela bancada ruralista e outros setores da Casa, o presidente Arthur Lira (PP-AL) disse que ou o Planalto contém os invasores ou a CPI será instalada.
Percebendo o gancho, a oposição ao lulopetismo passou a fazer barulho a favor da CPI do MST – um desejo antigo, diga-se.
Até aí tudo bem. É jogo jogado.
O problema é quando a oposição tenta medir com a mesma régua e pesar com a mesma balança o MST e os atos de 8 de janeiro.
Vermelho e amarelo
O quebra-quebra das sedes dos Três Poderes, em Brasília, foi algo insano, criminoso e totalmente incompatível com a civilidade política.
As invasões do MST também são altamente discutíveis. Para além do ataque ao Estado, via violação do direito à propriedade, pode inviabilizar o agronegócio.
Sim. Tanto que o setor foi, na campanha eleitoral de 2022 e continua sendo, refratário ao movimento. No segmento, o governo Lula é visto como permissivo.
Mas não é por isso que invasores de boné vermelho devam ser tratados da mesma forma dos que vestem camisa amarela.
Para começar, são motivações diametralmente diferentes. O primeiro declara querer democratizar a terra; o segundo tentou um golpe de Estado.
Por outro lado, o MST precisa ser contido, dentro da perspectiva de seus métodos, independentemente do mérito de sua pauta.
Lei para todos
Os fatos de um lado não se conformar com o resultado eleitoral e o outro está no colo do governo não devem ser parâmetros político ou jurídico.
Presos e/ou em julgamento, o vândalos do 8 de janeiro já estão pagando por seus crimes.
Para equilibrar o jogo, não se deve, simplesmente, criminalizar o MST – longe disso.
Mas o Brasil deve mostrar – para si mesmo e o mundo -, que a lei de seu Estado é para todos.