O difícil equilíbrio entre aplicação da lei e revanchismo

O difícil equilíbrio entre aplicação da lei e revanchismo

O vandalismo mudou quase tudo / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aqui já foi comentada a aparente contradição do governo Lula 3, entre a promessa de pacificação do País, durante a campanha, e os sucessivos discursos apontando para revanchismos. Mas isso foi na primeira semana de mandato. Os ataques antidemocráticos aos Três Poderes, de domingo (8), mudaram quase tudo.

As primeiras respostas contundentes das autoridades constituídas, de forma unificada e respaldada pela sociedade brasileira, era o único caminho a seguir. Muito maior do que o atual governo instalado é a preservação das regras constitucionais. A situação parece ter sido controlada, mas segue o desafio de como lidar com o extremismo.

Não é unanimidade que a simples, dura e reta aplicação da lei seja a solução em si – embora não reagir nem esteja em questão. Mas dependerá do tom adotado. Há muitas camadas e variáveis. Qual o limite de radicalismo dos vândalos? Existem lobos solitários? Como reagirão setores conservadores do Congresso Nacional? O que farão as Forças Armadas?

Todo contexto político é carregado de nuanças. Subjetivo por natureza, o jogo do poder abriga as mais variadas possibilidades de interpretação, ao sabor das ideias e interesses de seus agentes. E, às vezes, decisões não são fáceis nem automáticas – mesmo diante de convicções e clareza de quem são os adversários.

O fator Múcio Monteiro no Capitólio à brasileira

Ministro é amigo do presidente Lula / José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, é um homem de bastidor. Ex-parlamentar e ex-ministro do TCU, o pernambucano sempre foi discreto. Amigo de longas datas de Lula, adquiriu extrema confiança do presidente da República. Até por dever de ofício, o chefe da pasta está informado muito acima da média sobre os bastidores na cúpula das Forças Armadas. Por isso ainda não caiu. Pior sem ele.

O desafio do governo Lula
O pano de fundo do que acontece no Brasil tem relação direta com o resultado eleitoral de outubro. Mesmo com o repúdio à baderna em Brasília, no último dia 8, o País segue dividido. O que fazer? Por vias pacíficas, cabe a seguinte tarefa ao governo Lula: trabalhar muito e mostrar convincentes resultados de gestão. Certamente, isso vai atrair largas faixas da opinião pública para o lulopetismo. Ou seja, vai puxar para perto do governo eleitores de Bolsonaro que não são bolsonaristas. Há milhões de brasileiros esperando por isso.

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