Os Brics sob o risco do anacronismo
Foi um bom sinal a mensagem de boas-vindas enviada pela China à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a mais nova chefe do Banco dos Brics (NDB). Significa muito, vindo do gigante asiático, principal parceiro comercial do Brasil e sede da instituição financeira – Xangai.
Na leitura de quem avalia como positivo a ida da ex-mandatária ao NDB, há um reforço institucional na imagem do equipamento. Muito mais, diríamos, do que a tal reparação histórica a que se referem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.
Dilma terá árduos desafios. Um deles é impulsionar projetos de meio ambiente – debate que coloca frente a frente a missão da petista e a resistência dos pragmáticos chineses. Outra tarefa é ajudar a Rússia, alvo de pesadas retaliações, boicotes e bloqueios internacionais, a voltar ao jogo.
Essas duas questões mostram como os Brics mudaram na última década e meia – o grupo foi formado em 2019. Um de seus membros está prestes a assumir a liderança econômica do planeta; o outro está atolado em uma guerra. Isso diz muito da heterogeneidade do colegiado.
Entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul há muito mais diferenças do que semelhanças. Se forçar um pouco, pode-se arriscar a afirmação de que a ideia de construir uma pauta comum às nações emergentes é relevante. Mas o olhar precisa ser atualizado, sob pena de cair no anacronismo.