No curto prazo, bolsonarismo ficará órfão, menor e desorientado

Jair Bolsonaro poderá ser inviabilizado, politicamente / Valter Campanato/Agência Brasil

Já são visíveis e audíveis os impactos políticos dos últimos fatos na direita brasileira.

Depois da derrota nas urnas, vieram os atos de 8/1, a minuta do golpe e o plano para operacionalizá-lo.

As revelações até aqui dão a entender que o vandalismo em Brasília foi a ponta de um novelo que segue sendo desenrolado.

Tudo isso vem pressionando o bolsonarismo.

Na média geral, todos condenam publicamente a depredação das sedes dos Três Poderes e seguem apreensivos sobre o que poderá acontecer.

Bolsonaristas-raiz órfãos
É fato que tudo precisa ser investigado e os envolvidos punidos, não importando a quantos CPFs e CNPJs a Justiça possa chegar.

Certamente, alguns serão inviabilizados politicamente. Outros mudarão o discurso ou, simplesmente, se recolherão.

O principal alvo, por enquanto, é o ex-presidente Bolsonaro, a quem é imputado não somente a suposta trama do golpe.

Tudo somado e considerado, bolsonaristas-raiz estão órfãos, largados ao silêncio e distanciamento de seus ex-representantes.

Redução do alcance
É tranquila a avaliação de que Bolsonaro, tanto em 2018 quanto 2022, recebeu muitos votos de não bolsonaristas.

Com os esqueletos que pululam dos armários palacianos, o apoio por exclusão ao hoje ex-presidente tende a ser reduzido ao núcleo duro.

Estamos falando de algo entre 20% e 25% que, ao longo do governo anterior, o apoiava de qualquer jeito.

Para comparar: Bolsonaro teve, no segundo turno, em outubro do ano passado, 49,1% dos votos.

Desorientação política
Por último e via de consequência, os bolsonaristas estão desgarrados, sem referências nacionais ou regionais.

Há algumas hipóteses de ocupação do vácuo deixado por Bolsonaro.

Os mais citados são os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP),  Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSDB-RS).

Entretanto, nada que, por ora, esteja à mesa, de forma factível e exequível. Eles têm gestões a tocar. Dependerão das entregas.

Já a votação no Senado da última quarta-feira (1º), quando Rogério Marinho (PL-RN) tirou 32 votos para presidente, não espelha, fielmente, o novo cenário.

E há muitas outras variáveis a serem consideradas. Não será de assustar, inclusive, se parlamentares hoje à direita se movimentarem ao centro.

Particularmente, os governistas de outrora. Vêm aí as eleições municipais de 2024. Será questão de sobrevivência.

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