Os primeiros erros do governo Lula – que Elmano deve evitar
Não. Não foi uma primeira semana de Lula 3 pautada somente por discursos de posse, escritos por assessores experientes.
Essa comunicação aí, em ambiente controlado, faz parte do show. Mas é no dia a dia que os governos se revelam, sem retoques nem filtros.
E foi o que aconteceu, em pelo menos quatro episódios, desde a posse – média de 1 por dia -, envolvendo personagens do primeiro escalão.
Mais que ruídos
Logo na largada, Fernando Haddad (Fazenda, PT) anunciou o fim da isenção tributária sobre combustíveis. Ato contínuo, Lula renovou a medida.
Carlos Lupi (Previdência Social, PDT) foi desautorizado por Rui Costa (Casa Civil, PT) em torno de dados na área e possível revisão da reforma.
Luiz Marinho (Trabalho e Emprego, PT) também admitiu revisão parcial da reforma trabalhista. Pouco tempo depois, teve de se desdizer.
O bate-cabeça também chegou à Agência Nacional das Águas (ANA), durante a reestruturação da pasta, envolvendo pelo menos dois ministérios.
Para animar um pouco mais, Simone Tebet (Planejamento, MDB) assume citando “alguma divergência”. Ah tá.
É aguardada para esta sexta-feira (6) uma reunião no Planalto, na qual Lula deve dar um freio de arrumação nas melancias em cima da carruagem.
Falta unidade
Aliados estão chamando os desencontros de cacofonia – algo que soa desagradável. É muito mais do que isso. É falta de unidade.
É compreensível, no contexto em que o governo Lula foi montado – houve vários adiamentos e nós que quase não desatam -, horas antes da posse.
Mas é, também, arriscado, politicamente. Sinais trocados sempre embaralham rumos, estimulam fogo-amigo e alimentam crises.
Num cenário ruim, turbulências do tipo aproximam do caos a vida de líderes e articuladores políticos em casas legislativas.
Publicizar é preciso
O que tudo isso tem a ver com o governo Elmano Freitas (PT)? Tudo.
Representante do primeiro escalão de qualquer governo é o porta-estandarte da gestão. Tem de publicizar ações. Não falar é sempre a pior opção.
Em algum sentido, quem fala menos erra menos. Mas isso quase nunca funciona. O bom jornalismo, inclusive, não costuma comprar essa versão.
Ministros e secretários precisam saber o quê e como falar, em detalhes, com a segurança e a eloquência que o posto requer.
Muito preferencialmente, sem os episódios vexatórios dos últimos dias.
Ao líder maior – presidente e governador -, deve estar reservado o papel de maestro.
Chefe de Executivo não pode, não deve – e nem saberia – tocar todos e cada instrumento.