O período de folia costuma suspender o jogo que vem sendo jogado ou mesmo encerrar alguns capítulos da briga pelo poder.
Os governos, geralmente, se beneficiam do Carnaval, enquanto intervalo político-administrativo.
Na retomada, as gestões tentam deixar para trás temas desgastantes, ao mesmo tempo em que buscam emplacar agendas positivas.
Exemplos
Antes, o governo Elmano de Freitas (PT) enfrentava desgaste sobre aumento de ICMS. Agora, vai focar na campanha de combate à fome.
Há alguns dias, a gestão José Sarto (PDT) sofria com reajuste/piso de professores.
De agora em diante, a administração do pedetista fortalecerá o cronograma de obras – sem tirar os olhos da quadra chuvosa.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve abrandar a retórica contra a taxa de juros. Deve seguir marcando diferenças com Bolsonaro (PL).
Em primeiro plano, já nos próximos dias, o destaque será a ação federal no Sudeste do País, onde a chuva causa destruição e morte.
Ainda em nível nacional, são aguardados mais desdobramentos jurídicos e políticos dos atos de 8 de janeiro.
Sem trégua
Alguns temas, entretanto, não sairão do noticiário. É o caso do debate sobre tributos.
A pauta engloba interesses dos governos federal, estadual e municipal – cada um com recortes específicos.
Na gestão Elmano, o ICMS é a sigla mágica para recuperar o caixa. No Estado, houve o aumento de dois pontos percentuais.
Em Brasília, o Abolição tenta compensações, junto ao governo Lula, Congresso e Supremo.
A Taxa do Lixo, instituída pela administração Sarto, dará um tempo, voltando ao noticiário quando começar a ser cobrada.
A exemplo do governador do Estado, o prefeito da Capital seguirá peregrinando em Brasília, atrás de recursos financeiros.
Já o Palácio do Planalto desenha um modelo de reforma tributária. Os debates devem começar brevemente, mas o desfecho é incerto.
Legislativos
Dividindo a atenção do grande público com os demais poderes, os legislativos buscarão seus espaços na imprensa.
Localmente, a oposição na Câmara Municipal de Fortaleza seguirá cavando a antecipação do processo eleitoral de 2024.
A base aliada, ainda em construção, ao governador Elmano, na Alece, prosseguirá em costuras, enquanto as oposições demarcarão posições.
A novela PDT-PT poderá ter novos capítulos; nos próximos dias, as comissões permanentes da Casa começarão a funcionar.
A acomodação de forças políticas também se dará em Brasília – só que de forma muito mais tensa e pesada.
Sem maioria constitucional, Lula deverá escancarar as portas do Executivo para subgrupos abrigados no centrão – PP, União Brasil e PSD, principalmente.
Tudo acima somado é considerado, boa Quaresma para todos e bem-vindos de volta à realidade.