MEC sob Camilo Santana e a sucessão de 2026

Área exige investimentos de longo prazo / Marcelo Camargo/Agência Brasil

No discurso de posse, o novo ministro da Educação, Camilo Santana (PT), apontou como prioridades obras paradas de creches, merenda escolar e Enem.

Os itens estão dentro do guarda-chuvas que justificou a ida de Camilo e Izolda Cela para o MEC: a vitrine em que se transformou a educação no Estado do Ceará.

Muito dando certo e pouco dando errado, Camilo poderá entrar, daqui a três anos, no grupo seleto do pós-Lula para 2026.

Já estão lá o pupilo do presidente da República, Fernando Haddad (Fazenda, PT), Simone Tebet (Planejamento, MDB) e Geraldo Alckmin (Indústria, PSB).

Com alguns prós e contras, cada área ministerial lulista tem potenciais políticos específicos. O tempo dirá como cada uma vai se projetar, eleitoralmente.

No caso de Camilo, nosso ponto de interesse aqui, dada a proximidade com o personagem, há um grande desafio, ainda não considerado: tempo.

Paciência geracional
A teoria universalmente aceita na educação aponta para a quebra de paradigmas entre gerações, a partir de investimentos contínuos e adoção de novos sistemas.

Nesse tocante, praticamente não há ruído na avaliação de que a hoje exitosa educação cearense teve seu embrião há cerca de duas décadas, em Sobral.

Houve continuidade e parcerias entre governos locais e estaduais, com gargalos e resistências políticas superadas ou equacionadas

Nesse sentido, a educação pública de base no Ceará pode ser comparada a outro grande feito: planejamento e equilíbrio fiscal – também orgulho cearense.

Os resultados concretos do choque de gestão da era Tasso Jereissati, do final da década dos anos 1980, foram sentidos somente na geração seguinte.

Lobby versus resultados
Multibilionário, gigantesco e complexo, o Ministério da Educação tem ramificações, bolhas e lobbies, públicos e privados, de difícil remoção.

Pode ser que o ministro Camilo tenha disposição e apoio político para, além de debelar os entraves, escalar no desigual Brasil a educação de qualidade que ajudou a fazer no Ceará.

Mas pode ser, também, que até 2026, tenham sido construídos somente os alicerces de uma revolução, sem ainda os resultados prometidos e esperados.

Mas política tem o condão de encurtar distâncias no tempo e envelopar narrativas ao gosto do freguês e dos interesses do momento.

Esse laboratório petista já foi feito, inclusive, com Haddad, ex-ministro da Educação.

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