No Dia da República, o básico esquecido precisa ser proclamado

República do Brasil completa 133 anos / Reprodução

Duas semanas e meia depois do resultado eleitoral, cacos da disputa presidencial ainda estilhaçam, como se vê nos criminosos xingamentos a ministros do STF e atos antidemocráticos.

Entre trancos e barrancos, chegamos ao Dia da Proclamação da República. Lá se foram 133 anos, contados a partir daquele 15 de novembro de 1889. Uma sexta-feira.

De lá para cá, atravessamos várias fases políticas, com diferentes formas e regimes de governo. Golpes intercalaram-se a períodos livres. Constituições se sucederam.

Superamos o voto censitário – baseado em faixas de renda. Os critérios da época também excluíam mulheres e analfabetos. O sufrágio era descoberto, num tempo em que imperava a pedagogia da chibata.

Em 1894, na primeira eleição presidencial direta, o então candidato a presidente da República, Prudente de Moraes (PR Federal) foi eleito com 290.883 votos. Afonso Pena (PRM) tirou 38.291.

À época, entre 1894 e 1930, em torno de 3% da população brasileira ia às urnas. Atualmente, o percentual passa dos 72%.  Temos uma das maiores e mais participativas democracias do mundo.

Passado e futuro
Mas cá estamos. Divididos, desiguais e com muitos desafios, tentando um meio-termo entre não somente olhar para o passado – sob o risco de ficar preso a ele -, e projetar o futuro

Nesse ponto, é importante registar, exatamente no Dia da República, a expectativa que o Brasil tem diante do novo governo do PT.

O País não quer uma “refundação da República”, como diziam os arautos petistas, nos anos 2000. Nem a “reconstrução do Brasil”, como dizem agora.

Não há o que refundar na República do Brasil. Ela está aí, de pé, com todas as suas instituições funcionando, como mostram os resultados eleitorais e toda a barulheira do entorno.

O Brasil não precisa ser refundado. O País segue, mesmo com todos os solavancos e contradições, peculiares de sua formação histórica e condizentes com o nível de sua elite política.

Melhor do que tentar emplacar mantras e rótulos de publicidade, o próximo governo deve focar no que realmente importa.

Que tal se debruçar sobre os constrangedores gargalos sociais e econômicos dos brasileiros? Promover mais educação, saúde e emprego? A lista é grande e conhecida.

Entregar um governo melhor do que recebeu, sem tirar a atenção do presente, deve ser a meta central de qualquer líder e sua equipe. Tudo o mais vem – inclusive, reconhecimentos político e eleitoral.

Num país onde a história é tão tortuosa e o futuro ainda é uma promessa, isso é o óbvio.

Hoje é dia de proclamar esses pontos básicos – muitas vezes esquecidos.

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