Saúde: a cobrança de Sarto e o convite a Elmano

Prefeito de Fortaleza é médico / Divulgação

Cada vez mais explícitas, as diferenças entre o PDT ligado ao prefeito de Fortaleza, José Sarto, e o PT do governador Elmano de Freitas, vão, aos poucos, ganhando contornos mais reais.

E essa realidade político-administrativa vai na veia de uma das áreas mais dramáticas das duas gestões: saúde pública.

Nesta quarta-feira (26), o pedetista deu o tom da separação – e o fez em termos muito claros.

“Todo mundo sabe que Fortaleza carrega a saúde do Estado do Ceará nas costas”, disse o prefeito, sinalizando, na metáfora, o pesado fardo financeiro que isso representa.

A partir daí, Sarto comentou a peregrinação de ambulâncias do Interior do Estado, rumo ao Instituto Dr. José Frota (IJF), na Capital.

O prefeito diz que a ocupação do “Frotão” – referência em atendimento terciário -, com pacientes de outros municípios, é da ordem de 50%. Particularmente, na complexa e caríssima oncologia.

O que quer Sarto
Sarto cobrou, publicamente, do governador, repasse de recursos e o funcionamento pleno dos hospitais regionais. Ele citou, textualmente, o da Uece – hoje fechado.

Um comentário específico, antes de prosseguirmos: a saúde pública de Fortaleza precisa melhorar. Pedir mais apoio é legítimo; fazer o dever de casa é preciso.

É clichê, mas é preciso ser dito: saúde pública é atribuição compartilhada entre os três entes federativos – aqui também entra o Governo Federal. Cada um tem seu papel e responsabilidades.

Voltando a Fortaleza: mesmo no sufoco, os equipamentos municipais não se furtam a atender pacientes de fora da Capital. Trata-se, portanto, da necessidade de mais apoio, justo e proporcional.

Nesse ponto, não cabe apontar culpados. Esse seria o pior dos mundos. Para a política, propriamente, que não existe para isso, nem para as famílias desassistidas.

Corte e a costura
Médico experiente, Sarto soube usar, nas declarações, o bisturi da política para fazer a cisão necessária entre os dois entes administrativos.

O pedetista teve de agir assim, sob pena de ter a gestão diagnosticada como inepta – justamente numa área complexa, onerosa e sensível, politicamente.

Logo depois, porém, o prefeito suturou as atribuições públicas entre a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, apontando numa única direção: do diálogo.

Sem ainda ter sido recebido pelo governador, o prefeito convidou o petista para o debate. Nas palavras dele, para a construção de uma “relação madura, que comporte críticas lá e cá”.

E finalizou: “Eu fui eleito para ser prefeito de todos; o governador foi eleito para ser governador de todos”.

Estão, portanto, posta a cobrança, dado o recado e feito o convite.

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