Governo Elmano será mais petista do que o de Lula

O próximo governador do Ceará e o próximo presidente do Brasil / Divulgação

Os caminhos por onde um grupo político chega ao poder oferecem algumas valiosas pistas de como será montado e para onde vai o novo governo.

Como será demonstrado a seguir, é seguro afirmar que o futuro governo de Elmano de Freitas da Costa será mais petista do que o de Luiz Inácio Lula da Silva.

Vamos às variáveis: Elmano de Freitas chegou ao Governo do Estado em eleição de 1º turno, com mais de 23 pontos percentuais acima de seu principal adversário – Capitão Wagner (UB).

Lula foi arrastado para a 2ª etapa da disputa e teve a mais apertada vitória da história presidencial pós-abertura democrática, com menos de dois pontos percentuais além de Jair Bolsonaro (PL).

Elmano foi eleito de forma convincente, a partir da cisão de um consórcio partidário maior; Lula teve de reunir de A a Z, inclusive ex-adversários históricos, para bater o adversário.

Reconciliação x continuidade
Lula vai pegar o Brasil dividido. Terá, portanto, de fazer um governo de reconciliação. No bom português, de concessões e aceitações; Elmano vai comandar um governo de continuidade. Fará, no máximo, acomodações e ajustes.

Na atual cotação, Lula tem cerca de 140 dos 513 deputados federais e 20 dos 81 senadores. Em circunstâncias desfavoráveis, o petista terá de abrir espaços e construir a base.

Obviamente, o cenário pode e deverá mudar. Governo é governo. Entretanto, com os apoios que saíram das urnas, o governo Lula, hoje, teria muitas dificuldades de conseguir a maioria simples.

Já Elmano trabalha com a possibilidade de ter, ao seu lado, ao menos 35 dos 46 membros da Assembleia Legislativa. Se não houver acidentes de percursos, será céu de brigadeiro.

Caso confirmada a configuração na Alece, vai passar, sem muita resistência, o que chegar com o carimbo da Casa Civil do Palácio da Abolição.

Fator Alckmin
Quanto mais ampliado em forças heterogêneas, fora do núcleo hegemônico e programático, mais os governos têm a imagem política diluída.

Vejamos a transição, em Brasília. A primeira cara projetada do futuro governo petista é a do ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), coordenador dos trabalhos.

Com um porta-voz desses, um governo do PT menos petista não há.

De tanto aceitarem ampliações, governos costumam perder as raízes. Não será – pelo menos não precisará ser – o caso do próximo governo do PT no Ceará.

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