Lula, Datafolha, Congresso e novo marco fiscal

Presidente terá batalha política pela frente / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Não chegou a ser surpresa geral o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecer no Datafolha com desempenho inferior aos seus dois governos, nos anos 2000.

Em 2023, o petista pegou o País rachado, politicamente, com enormes gargalos em vários setores da vida nacional e passou da cota nos deslizes.

Deu 38% na aprovação e 29% na reprovação do presidente, o que o iguala, em linhas gerais, ao antecessor Jair Bolsonaro (PL), também na marca dos três meses.

Este último detalhe não alegra ninguém – nem os petistas mais raiz. Qual o sentido ficar se consolando com a comparação, quando é Lula que está e deve responder pelo governo?

Passe valorizado
Vendo o copo meio cheio, temos um presidente e equipe experientes, com espaço para crescer e algumas ações que já começam a dar resultado.

Lula tem muito potencial e tempo. A vitaminada do Bolsa Família, a retomada do Minha Casa, Minha Vida e as encrencas de Bolsonaro podem lhe beneficiar.

Por outro lado, lá fora os ventos que sopram não são os mais amistosos e o presidente tem uma pedreira para encarar no Congresso Nacional.

Referimo-nos ao pacote fiscal, que Lula tem de burilar e vender bem, para ser acatado pela maioria absoluta dos deputados federais (257 dos 513) e senadores (41 dos 81).

Será um grande desafio construir o quórum. Não será surpresa, portanto, se o passe dos votantes for supervalorizado.

Outra negociação
Aqui o cenário começa a turvar um pouco mais. Como tudo na política está interligado, é claro que os diletos congressistas colocarão na conta a performance do governo no Datafolha.

Uma negociação seria com o presidente surfando na popularidade; outra será na condição captada pelo instituto paulista.

Se o pacote fiscal, que prevê mais investimentos, for aprovado, o Palácio do Planalto pode destravar o governo, iniciando um ciclo virtuoso.

Já se o Congresso colocar o pé na porta ou o desfigurar muito, o governo terá pouco o que apresentar como agenda positiva de médio e longo prazos.

Assim, ficará mais difícil correr atrás dos índices divulgados neste sábado (1º).

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