Campanha, fé e voto: o cálculo de Lula

Em imagem de arquivo, o ex-presidente ladeado por lideranças religiosas / Reprodução

O ex-presidente Lula (PT) decidiu não levar religião para a campanha eleitoral. A postura acontece em meio à ofensiva de Bolsonaro (PL) junto aos evangélicos – onde reina uma de suas maiores legiões de fiéis seguidores – sem trocadilho -, e depois de ataques a credos de raízes africanas.

A decisão de Lula não deve ter sido simples nem casual. Com um pé na rampa do Planalto, o experiente petista sabe o que pode significar uma posição estratégica equivocada. A política à brasileira tem relações com a fé que até Deus duvida. Não vou entrar no mérito.

O que parece certo mesmo é considerar que Lula, ao não querer deixar que religião suba ao seu palanque, remete a uma velha e conhecida contra estratégia: evitar ser sugado para o campo simbólico do adversário. Num paralelo com guerra, equivale a combater no campo de batalha do inimigo.

Num tempo político no qual narrativas e versões são mais relevantes do que fatos, tudo que Lula não precisa é ficar na defensiva, debatendo um tema escolhido por Bolsonaro. Seria morder a isca lançada pelo adversário.

A questão é: na hipótese de o candidato à reeleição insistir em discutir religião na campanha e, em silêncio, o ex-presidente começar a sangrar, eleitoralmente, a posição vai ser mantida?

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