
Expressão máxima da linguagem verbal, o ato de falar é para a política e os políticos o que o voo é para os pássaros. Mas não significa, necessariamente, sucesso de público e crítica. O ex-presidente Lula vem colecionando gafes preocupantes, para dizer pouco. Foi infeliz ao comentar o aborto, teve de se desculpar a policiais, provocou desconfiança ao prometer desfazer a reforma trabalhista e perdeu uma boa chance ao comentar a guerra na Ucrânia.
Principal adversário de Lula, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), é um caso a ser estudado. Grosseiro com as palavras, tem a agressão e a ofensa como esportes favoritos – e parece não só gostar de praticá-los, como o faz sem aparente esforço. Isso vale para inúmeras situações do dia a dia e para a condição de mandatário da nação.
Já o pedetista Ciro Gomes, conhecido pelo ímpeto verbal, falou o que não devia em recente evento público, em São Paulo. Provocado, não se conteve e usou palavras de baixo calão; no Ceará, atacou o PT que, mesmo sendo adversário figadal em nível nacional, é o principal aliado do seu PDT no Estado.
Além de revelar a essência de cada um dos presidenciáveis, as falas acima estão e serão usadas contra os próprios. Lula, Bolsonaro e Ciro têm, muito por baixo, três décadas de política. Devem conhecer inúmeros personagens que morreram pela boca. Atualmente, o efeito é muito mais fulminante, dada a rapidez e alcance do que é dito.