Comentários à vitória de João Doria nas prévias do PSDB

“Filho de prévia”: governador é tricampeão na modalidade / Agência Brasil

A vitória de João Doria nas prévias do PSDB, neste sábado (27), é reveladora de como a realpolitik do paulista se impôs, frente ao idealismo de Eduardo Leite.

Pelo menos foi assim que o gaúcho foi apresentado ao grande público, inclusive aqui, no Ceará, pelo senador Tasso Jereissati. Para o cearense, Leite representava o novo para o partido e o Brasil.

Calculista, Doria operou para chegar aos quase 54% dos votos. Tanto via partido, em São Paulo, o maior do País, e em outros estados, assim como através da própria gestão.

Tricampeão nessa modalidade – venceu para ser candidato a prefeito de São Paulo, em 2016, e depois para concorrer ao Palácio do Bandeirantes, em 2018 -, Doria segue consolidando seu projeto nacional de poder.

Projeto esse que passou, há três anos, pela dobradinha BolsoDoria – hoje é um dos mais duros adversários do presidente. A propósito, foi esse um dos trunfos contra o colega gaúcho, visto como bolsonarista acanhado.

Como em todo processo de disputa há vitoriosos e derrotados, para além dos candidatos, Tasso entra nos registros dos que amargaram o resultado, assim como Aécio Neves, persona no grata do agora presidenciável.

Na outra ponta, Danilo Forte, único deputado federal tucano do Ceará, ficou bem na foto. Pregando democracia interna, o parlamentar ciceroneou Doria, quando este veio a Fortaleza pedir voto, no último dia 6.

Quem acompanhou de perto o noticiário dos últimos dias viu o quanto o partido está em frangalhos, por conta da troca de farpas – fora o vexame da organização da votação interna, propriamente.

Doria terá a árdua missão de repactuar o partido, do qual muitos nomes importantes deverão sair. Vários já tinham esse plano. As desavenças no ninho ao longo da campanha das prévias são somente pretextos.

Reerguer e unificar o PSDB é somente o começo da dura e longa jornada de Doria. O desafio mesmo será – se isso for possível -, devolver-lhe a expressão nacional, para daí se tornar competitivo na disputa do ano que vem.

Neste sábado, o perfil oficial do PSDB saiu com a seguinte brincadeira nas redes sociais: “O Brasil hoje dividido entre a final da Libertadores e as prévias do PSDB”.

Um internauta comentou: “A diferença é que a libertadores vai escolher o campeão, já as prévias o perdedor de 2022”.

Pois é. Neste sábado não deu urubu. No ano que vem vai dar tucano?

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