As eleições de 2022, especificamente as estaduais, serão marcadas pela influência de arranjos partidários nacionais. A começar pelo instituto da verticalização, pelo qual são vedadas alianças locais formais não alinhadas aos palanques presidenciais. O segundo impacto virá na corrida proporcional que, sem coligações, intensificará a disputa interna nas siglas. O terceiro – e mais intrincado -, efeito está em pleno curso: a filiação ou troca de partido por grandes personagens. O caso mais emblemático será o do presidente Bolsonaro, sem partido, em vias de desembarcar no Partido Progressista (PP) ou Partido Liberal (PL) – este último ganhou terreno nos últimos dias.
Independentemente para qual legenda irá o presidente, será forte o desdobramento no PP ou PL cearenses. Controlados, respectivamente, pelo deputado federal AJ Albuquerque e o prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves – ambos ligados ao Governo do Estado -, as siglas estão na expectativa de receber parlamentares federais e estaduais ligados ao Palácio do Planalto. Com Bolsonaro, PP ou PL cearenses deverá sofrer dinâmica interna, provocando, no limite, realinhamentos políticos. Algo parecido pode acontecer no PSD-CE, da família Aguiar. A mais nova aquisição do grupo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é citado como pré-candidato a presidente. Aqui, o PSD orbita o cirismo.
Moro no Podemos
Hoje na iniciativa privada, o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, deverá assinar ficha de filiação ao Podemos. O também ex-juiz de Bolsonaro vem sendo assediado para entrar na sucessão do ex-chefe. Figura mais ilustre do Podemos no Ceará, o senador Eduardo Girão é próximo, politicamente, do Capitão Wagner (Pros) – ambos são bolsonaristas. Mas, se o ex-juiz sair candidato e Bolsonaro também, Girão e Wagner poderão ter de seguir rumos diferentes na corrida ao Palácio da Abolição. Ou seja, o cenário local depende, diretamente, do que acontecer, nacionalmente.
