Ele é a cara, o coração e o cérebro de Maracanaú

Do jornal O Otimista, desta segunda/30:

Um dos políticos mais experientes em atividade no Estado do Ceará, o ex-deputado e também ex-prefeito segue empolgado, à frente da terceira gestão. Ancorado num perfil industrial consistente, Maracanaú, segundo o tucano, vislumbra diversificação econômica, com foco no comércio, lazer e turismo, além de investimentos em saúde, educação e geração de emprego

Roberto Pessoa é um dos mais experientes políticos e empresários em atividade no Ceará / Divulgação

Erivaldo Carvalho
erivaldocarvalho@ootimista.com.br

Roberto Pessoa (PSDB) está no terceiro mandato de prefeito de Maracanaú, um dos municípios mais importantes da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Foi deputado federal por quatro mandatos e deputado estadual.

Nesta conversa com O Otimista, o experiente político e empresário aponta os novos caminhos – e desafios –, da Cidade que ajudou a desenvolver e aposta na diversificação dos segmentos econômicos.

Líder do grupo que há 16 anos comanda a política local, Roberto Pessoa também avalia o governo Camilo e comenta suas escolhas para a disputa eleitoral de 2022. A seguir, os melhores trechos:

O Otimista – Como o senhor recebeu o município de Maracanaú, em janeiro deste ano?
Roberto Pessoa – O município é bem estruturado. Há 16 anos é comandado pelo mesmo grupo político. Depois de Fortaleza, é o maior orçamento do Ceará, chegando a quase R$1 bilhão. Maracanaú arrecada bem por conta de seu pólo industrial, pólo de serviços e de comércio.

O Otimista – O que poderia ser destacado, nessa travessia da pandemia?
Roberto – Maracanaú não tinha nenhuma UTI e hoje temos 30. Já conseguimos aplicar a primeira dose da vacina em quase 80% da população acima de 18 anos de idade e em torno de 30% já receberam a segunda dose. Estamos cadastrando pessoas com menos de 18 anos. Fomos pioneiros, no País, em criar a clínica pós-covid, que pode amenizar o sofrimento das sequelas.

O Otimista – Em termos econômicos, qual o impacto da pandemia no Município?
Roberto – Maracanaú ganhou. Todos os decretos governamentais deixaram o distrito de fora. Não sofreu nada. O comércio parou, os serviços pararam, mas Maracanaú sofreu menos. A prova é que nossa arrecadação estava numa sequência de subida. Tanto na captação de ICMS, quanto de ISS e até de IPTU e ITBI. Não posso me queixar da questão industrial.

O Otimista – Numa linha do tempo, desde o início da pandemia até agora, qual foi o trajeto da economia em Maracanaú?
Roberto – Eu me baseio na arrecadação. Acredito ser o melhor termômetro. Estive, recentemente, com o secretário de Finanças e fiquei muito animado com os números que ele me passou. Depois que começamos a nos recuperar da segunda onda da pandemia e com o avanço da vacinação, o cenário ficou ainda mais otimista.

O Otimista – Já podemos falar de investimentos?
Roberto – Em sete meses de gestão, eu já trouxe mais de 50 novas indústrias. Nos últimos dias, assinei cinco protocolos de intenção, para trazer cinco novos empreendimentos – e não só de indústrias.

O Otimista – Como está o espaço físico do Distrito Industrial, para a instalação de novas indústrias?
Roberto – Isso é sério, porque o território é muito pequeno. Estamos requalificando o Distrito Industrial. Também estamos investindo num centro cultural, em homenagem a Virgílio Távora, o maior estadista que o Ceará já teve.

O Otimista – Como estão os índices de criminalidade em Maracanaú?
Roberto – Segurança pública é um assunto de responsabilidade do Governo do Estado. Entretanto, a Prefeitura também tem que participar. Na minha gestão passada, criamos a Guarda Municipal, com 200 membros. Temos a Ronda Escolar, para garantir a segurança dos alunos. Temos uma média de seis assassinatos por mês, um índice alto, se comparado a parâmetros internacionais e nacionais. Mas, se comparado a Fortaleza, é a cidade menos violenta da Região Metropolitana.

O Otimista – Como reverter?
Roberto – É preciso investir em educação. Durante a campanha política, propus creche para todos em tempo integral e quero executar este projeto até o fim dessa gestão. Estamos formando seis escolas cívico-militares; uma em parceria com o Exército, e outras cinco municipais, que passarão a ser cívico-militares.

O Otimista – Escolas cívico-miltares são polêmicas, politicamente…
Roberto – Eu quero dar qualidade. Essa questão de ordem ideológica não tem nada a ver com nosso programa. Não acredito que seja errado ensinar amor à pátria, obediência a superiores e disciplina.

O Otimista – Como está a relação de Maracanaú, administrado por um prefeito do PSDB, com a gestão Camilo Santana, do PT?
Roberto – Essa relação é formal. Tenho uma amizade grande, de muito tempo, com o pai do governador, e também me dou bem com Camilo. Já me reuni com ele uma vez, entreguei as demandas do município, elenquei as prioridades. Agora, o que Maracanaú colabora com o ICMS do Estado é dez vezes mais do o Estado devolve. Se a gente comparar com o que é feito em Sobral, não dá nem para conversar.

O Otimista – Essa relação precisa melhorar?
Roberto – Para você ter ideia, a minha filha, que é deputada estadual, Fernanda Pessoa, tem direito às emendas parlamentares de R$ 1 milhão por ano. Até agora, já são dois anos sem liberar nada pra ela. Será que os deputados da base aliada não recebem nada? Eu falei isso com o governador, em audiência, há cerca de um mês e meio. Mas, até agora, nada.

O Otimista – Maracanaú tem crescido no setor comercial. Como está esse segmento?
Roberto – A Zenir vai abrir um Centro de Distribuição (CD) em Maracanaú. Já temos outros. Hoje, a indústria não é nem 20% da arrecadação e empregos. Quem dá emprego é o comércio, os serviços e grandes eventos, como o São João, um dos maiores do Nordeste. Vamos trazer um restaurante de alta gastronomia, o Coco Bambu, e uma faculdade de medicina, além de um Campus avançado da Unilab.

O Otimista – A meta é mudar o perfil do Município, por muito tempo visto como cidade dormitório?
Roberto – Nada contra cidade dormitório, mas é ruim, porque o consumo não é feito lá. Também estamos trabalhando mais a questão do lazer. Temos sete lagoas e vamos fazer um polo de lazer nelas.

O Otimista – Maracanaú está, então, em um novo momento, nos setores de serviços, comércio, lazer e turismo?
Roberto – Sim. As pessoas estão procurando Maracanaú. As lagoas foram a solução, já que não temos praias. E vamos construir um CTN – Centro de Tradições Nordestinas, em um terreno na estrada de Maranguape, que uma família americana de empresários, apaixonada pelo Ceará, doou para a UFC. Está acontecendo, de fato, a valorização de mais setores, neste momento. E focados na criança, no estudante.

O Otimista – Como está o debate em torno da Região Metropolitana de Fortaleza?
Roberto – A RMF só existe na palavra, não no papel. Não há uma política pública. Pacatuba, Maranguape, Caucaia e Maracanaú são municípios vizinhos. Aí fica cada um no seu quadrado, gastando feito besta, podendo fazer parceria.

O Otimista – Como está a gestão Camilo?
Roberto – O governador tem mostrado bom desempenho. As pesquisas apontam isso. É pré-candidato a senador. Vamos ver o que o povo acha. Agora, para Governo do Estado, eu tenho meu candidato, que é o Capitão Wagner. Nós temos uma oposição competitiva.

O Otimista – Mas o senador Tasso Jereissati, líder do PSDB no Ceará, está próximo do grupo Ferreira Gomes. Como vai ser essa conversa?
Roberto – Durante o pleito municipal, nós apresentarmos um manifesto ao Tasso, com apoio ao Capitão Wagner. Ele não aceitou. Eu respeitei e continuo respeitando. Mas meu apoio para o Governo do Estado vai para o Wagner.

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