Bolsonaro: entre a substituição de polêmicas, radicalização e desistência

Não surpreende ao mais incauto dos observadores a insistente narrativa de Bolsonaro e os seus, que seguem tentando desestabilizar o País. A pecha de suposta ditadura branca, que querem pregar na fachada do Supremo Tribunal Federal (STF), é mera substituição de polêmicas vazias. Sai a balela do sistema eleitoral fraudável e violável – derrotado no Congresso Nacional – entram os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, os dois mais novos personas non grata do Planalto. Há algumas questões de fundo. A mais clara é a falta de governo, enquanto resultados, e de competência política, com perspectivas eleitorais. Algo tinha de ser posto no lugar.

A segunda observação está no horizonte do próprio governo Bolsonaro. Priorizando cada vez mais os seus obedientes e resignados seguidores, o presidente vai reduzindo, proporcionalmente, a aderência de suas ideias e valores ao tecido social brasileiro. Aqui, há o pior dos mundos, para um lado e para o outro. Para os bolsonaristas, a radicalização vai se firmando como única alternativa – o que é um risco institucional em si, por tudo que está acontecendo e sendo dito. Por outro, perdendo força a cada dia, o presidente pode até resolver não concorrer a um segundo mandato. Tudo somado e considerado – para o bem ou o mal do Brasil -, é o jogo que está sendo jogado.

Noves fora, o Brasil já está no prejuízo
Há quem diga que, com limites sendo testados, quase diariamente, a democracia brasileira está correndo perigo. Do outro lado, há os que percebem um contexto que, com pílulas constitucionais fortes, deixará o sistema mais seguro. Porém, na linha de que tudo pode acontecer, inclusive nada, o Brasil já está no grande prejuízo. É muito tempo e energia investidas na gestão de uma crise para que, se tudo der certo e nada der errado, tudo fique somente como está. É incalculável o que o País está perdendo com essa situação, mesmo que as instituições sigam de pé.

O instinto de sobrevivência do centrão
Ao rejeitar abrir processo contra Alexandre de Moraes, do STF, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), no que pesem outras linhas de raciocínio e explicações para a corajosa decisão, foi mais centrão do que nunca. Vejamos: com o Supremo combalido, o Congresso passaria a ser a bola da vez. Sem Congresso, sem democracia. E sem democracia, sem centrão.

Lula e imprensa: quem te viu, quem te vê
Circula em perfis, grupos e listas vídeo com Lula, discursando para apoiadores, em ambiente fechado. Ao ex-presidente é atribuída uma fala em defesa da volta da tentativa de se implantar no Brasil a regulamentação dos meios de comunicação e da imprensa. Em tempo: foi encaminhado no governo do petista – o mesmo que agora só falta colocar o jornalismo no colo.

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