Centrão manda e desmanda

Ninguém com algum senso de realidade e conhecimento mediano dos corredores do Congresso Nacional duvidou que seria para valer o ímpeto do então líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), quando evocou para si a tarefa de liderar uma ampla agenda nacional, a partir da Presidência da Câmara dos Deputados. Com esse discurso catalisador, com pegada ora econômica ora política – e a necessária ajuda do Palácio do Planalto -, o deputado foi alçado à chefia do principal parlamento do País. Sete meses depois, pode-se dizer que Lira não decepcionou seus apoiadores. Pelo contrário. Nem o mais animado membro do grupo poderia imaginar um período tão alvissareiro.

O consórcio partidário que dá sustentação ao presidente da República – inclusive livrando, por enquanto, o mandatário de um processo de impeachment –, além de mandar na Câmara, dá as cartas no Senado e senta à cabeceira da mesa no Executivo, através do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. O grupo está tocando, a seu juízo, reformas estruturantes do País, a exemplo do novo modelo tributário, nova estrutura administrativa e novas relações de trabalho. Igualmente deverá comandar as principais decisões do orçamento federal de 2022. Sempre querendo mais, esta semana resolveu redesenhar o novo regramento para a disputa eleitoral do ano que vem.

Governo fraco, parlamento forte
Por caminhos tortos, o Brasil vive uma situação política que, na prática, é uma espécie de parlamentarismo. Tanto que já se chegou a cogitar a mudança na forma de governo – hoje, formalmente, presidencialista – para algo mais próximo da realidade. Para isso está colaborando, diretamente, o próprio Executivo, cujo chefe maior tem fetiche por desavenças e teorias da conspiração. O resultado não poderia ser outro. Desorganizado, desorientado e sem agenda, Bolsonaro abriu vácuo que, na política, dura muito pouco. O centrão veio e ocupou o espaço.

A comitiva de Bolsonaro
Para além da polêmica sobre teste negativo de covid-19 para entrar no Estado, envolvendo, indiretamente, o presidente Bolsonaro, que estará em solo cearense nesta sexta-feira (13), chamará a atenção a comitiva oficial. Em sua segunda visita – a primeira foi em fevereiro último -, o chefe do Executivo está em viés de baixa, vem de derrotas políticas e vê o cerco se fechar.

CPI da Covid, parte final
A impactante CPI da Covid, em funcionamento no Senado, mesmo mantendo os canhões apontados para o governo Bolsonaro, dá sinais de que está perto do fim. Ficou repetitiva e cansativa, com muita espuma e pouco avanço real. A estratégia, portanto, é concluir os trabalhos o mais rapidamente possível e ir para o relatório final, enquanto está em evidência. 

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