O que esperar do governo Bolsonaro neste segundo semestre

O Palácio do Planalto, residência oficial do presidente da República/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Há cerca de duas semanas, quando o Congresso Nacional saiu para o recesso parlamentar, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em tese, ganhou alguns dias de alívio. Sem atividades nem debates políticos calorosos, as férias legislativas costumam ser vistas como uma espécie de refresco aos chefes de Executivo. Nos meses anteriores, o mandatário fora jogado no canto do ringue pela CPI da Covid, sangria nas intenções de voto para 2022 e desgastes em vários setores do governo – de escândalos no meio ambiente a altas taxas de desemprego. Mas, por incrível que pareça, o Planalto conseguiu a proeza de, no retorno dos trabalhos, está até mais pressionado.

O governo vai para o segundo semestre político do ano mais refém do que nunca do centrão; está sob o risco de mais desgaste, caso sancione o escandaloso fundo eleitoral – ou se desentender com influentes setores do Congresso, caso vete-o; o presidente está desmoralizado no falatório sobre supostas fraudes eleitorais envolvendo urna eletrônica e a cantilena do voto auditável. E, a partir desta terça, as cortinas se abrem para mais uma temporada da CPI da Covid que, seguindo a média dos episódios anteriores, será sucesso de crítica e público. Tudo isso e ainda precisando melhorar – e muito – a entrega de resultados que justifiquem a tentativa de buscar um segundo mandato.

Os dois caminhos possíveis para a CPI
A CPI da Covid será uma atração à parte, a partir desta semana. Há dois caminhos básicos a seguir, que dividem observadores mais atentos: uma linha espera mais contundência dos senadores para com os depoentes, já que os últimos dias foram de reorganização interna e garimpagem de dados, inclusive sigilosos, obtidos pelo colegiado. A outra vertente vê possibilidade de arrefecimento da temperatura, pela fadiga dos trabalhos em si e pelo avanço da vacinação contra o coronavírus. Em qualquer dos casos, as semanas que antecedem o relatório prometem dificuldades para o governo.

A viabilidade de Evandro Leitão
É cada vez mais eloquente a avaliação de que o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), entrou no radar da cúpula do grupo governista para a sucessão do governador Camilo Santana (PT). Sem desgastes e habilidoso, o pedetista já é visto com simpatia por muitos pares, inclusive de fora do núcleo duro. É o primeiro passo para se viabilizar, politicamente.

Candidatura é corrida com obstáculos
Mas há poréns e uma longa estrada até uma possível candidatura do presidente Evandro Leitão em 2022. A começar pelo calendário governista, sabidamente levado ao tempo-limite para o martelo ser batido. Além do pedetista, há outros nomes apalavrados ou tentando se cacifar, sem falar na equação PDT e PT no Ceará, que ainda está longe de ser pacificada.

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