CPI da Covid: nem tão fácil para um lado nem tão difícil para o outro


É fato que governo algum dorme tranquilo sabendo que um canhão chamado Comissão Parlamentar de Inquérito está apontado para si. O temor está, inclusive, entre as explicações para o clichê “Sabe-se como uma CPI começa, mas não se sabe como termina”. Na terceira semana de CPI da Covid, no Senado, que investiga ações e omissões dos governos federal, estaduais e municipais, o debate está em aberto. Oposicionistas emitem sinais de que criminalizar o Palácio do Planalto pelas centenas de milhares de mortes não será tão fácil, e os governistas estão começando a acreditar que defendê-lo não será tão difícil. Vide o general Eduardo Pazuello e a médica Mayra Pinheiro.

Nesta quarta começa a segunda fase da CPI. Há mais de 400 requerimentos com a presidência da comissão, entre requisição de documentos, pedidos para quebra de sigilos, solicitação da presença de dirigentes de mais órgãos e depoimentos de governadores e prefeitos. Estes dois últimos grupos formam o núcleo de ampliação do escopo da investigação. É nessa linha na qual os governistas tentarão encurralar os adversários. Isso porque, em tese, os senadores adotarão o roteiro do follow the money, adentrando nos detalhes de como recursos federais foram e estão sendo gastos no combate à pandemia pelo novo coronavírus. Isso, em tese. Não será uma batalha fácil.

O primeiro grande teste do G7
Lá no início, apelidou-se de G7 um subgrupo da CPI da Covid formado por senadores de oposição ou independentes. Pois bem. Vem aí a votação para convocação de governadores e prefeitos que, em sua maioria, mantêm ligações políticas com os integrantes da comissão. Haverá muita pressão. No pano de fundo, há um dilema entre blindar aliados e convocar adversários. Nos dois casos, o desfecho pode ser imprevisível, inclusive para a reputação da própria CPI, caso haja algum “combinemos”, em que ninguém investiga ninguém – ou o já famoso “mela”.

CPI nacional, jogo regional
A CPI da Covid representa um mega holofote de desgaste político para o governo federal. Disso parece não haver dúvidas. Mas cada senador, independentemente do peso no jogo dentro ou fora do colegiado, está ali pelos votos conquistados em seu estado de origem – apesar de alguns priorizarem a sucessão presidencial em detrimento das disputas regionais e locais.

Economia e relatório paralelo
Espera-se dois clássicos na relação CPI versus sucessão em 2022. O primeiro deles é a situação econômica do País, que historicamente define os humores eleitorais. Também não deverá assustar ninguém um provável “relatório paralelo”, várias vezes elaborado em CPIs de legislaturas anteriores – mesmo quando a atmosfera política não estava tão irrespirável.

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