A tempestade perfeita que pode – de novo – beneficiar Bolsonaro

Presidente pavimenta caminho, rumo a mais quatro anos no Palácio do Planalto

Em 2018, Bolsonaro percebera que o ciclo do PT tinha chegado ao fim. Bem antes, começara a montar uma megarrede de apoiadores, que mais tarde se transformaria em uma legião de soldados. Conectou seu discurso estrambótico a causas caras ao inconsciente coletivo do eleitor mediano, tipo combate à corrupção e austeridade com a coisa pública, personificados no antipetismo e na defesa da Lava Jato. A estratégia deu tão certo que ele ganhou a corrida, literalmente deitado – em um leito de hospital -, sem dinheiro nem partido relevante e com parte da opinião pública torcendo contra. Com outros ingredientes, isso pode se repetir em 2022.

O cenário atual é o seguinte: o presidente tem, muito por baixo, pelo menos um terço das intenções de voto, em qualquer simulação de primeiro turno e, no segundo, bateria qualquer um dos personagens, atualmente citados. Não há, pelos índices de pesquisa de opinião, associação direta comprometedora de sua imagem à gestão da pandemia. No início da semana, Bolsonaro conseguiu eleger o comando do Congresso Nacional e, de quebra – do verbo “quebrar” – o Planalto desmanchou a frente democrática antibolsonarista, que unia da centro-direita à centro-esquerda – a ameaça mais real e imediata ao planos de reeleição do presidente.

O efeito fim da Lava Jato
Numa espécie de tempestade perfeita, do ponto de vista do presidente Bolsonaro, ganha força a narrativa de que o ex-juiz Sérgio Moro, que atuou na Lava Jato, cometeu uma série de irregularidades na condução dos processos contra o ex-presidente – fisgado pela operação. Caso a condenação do petista seja revertida, e sem a tal ampla frente de oposição, Bolsonaro disputaria a reeleição com Lula. Seria o “duelo dos mitos”? Não. Seria a disputa entre um candidato no poder, muito esperto, contra um ex-líder hegemônico das esquerdas.


Questão de Ordem
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Ceará (OAB-CE), Erinaldo Dantas, articula na Assembleia Legislativa debate sobre o Piso Salarial da Advocacia. Ainda não dá para dizer se a iniciativa da entidade renderá resultados concretos. Mas algo já é certo: com as devidas vênias, será lembrada durante a campanha eleitoral na entidade.

Prioridade das prioridades
Novo líder do PDT no Senado, Cid Gomes saiu em defesa da volta do auxílio emergencial. Em boa hora, diga-se, antes que se aprofunde a vulnerabilidade de quem, em meio à pandemia, voltou a ficar sem sustento. E antes, também, que a gigantesca “pauta prioritária” do Congresso, com 35 itens, disperse o foco da prioridade das prioridades.

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