Esperteza política e ignorância: dois subprodutos da pandemia

Procura e oferta: preço de teste foi às alturas, depois baixou – menos para algumas gestões públicas / publicação

Já é notório que a calamidade pública, justificada pela covid-19, foi transformada, particularmente no Brasil, não somente em moeda e palanque na disputa político-eleitoral. Também está sendo uma espécie de usina para desvio de dinheiro público. Sob o escudo da inexigibilidade de licitação, gestores – se é que são -, de vários níveis e tamanhos, ficaram menos constrangidos em se locupletar às custas da maior tragédia humana da presente era. Mas se engana quem imagina que a malversação acontece somente na aquisição de equipamentos caros e complexos. Pelo contrário – e com as exceções de sempre.

Dando o devido desconto por estarmos em período eleitoral – onde tudo é ampliado -, pipocam em inúmeros estados e municípios denúncias de superfaturamento no pagamento de testagem para o novo coronavírus. Grosso modo, o esquema funcionaria assim: no auge da pandemia, o preço médio do procedimento furou o teto de qualquer decência. Foi a alturas inimagináveis. Quando a demanda foi estabilizada pela alta oferta, não houve redução nos custos outrora desembolsados. Assim, o poder público segue pagando, no pior cenário, até três vezes o valor cobrado na farmácia da esquina mais próxima.

Da arte de seguir na contramão do bom senso
Não foi somente a esperteza deles de cada dia que a pandemia fez brotar no meio político. Aqui e ali, a santa ignorância dá o ar da graça. Nesta quinta-feira (22), na Assembleia Legislativa, acreditem, havia deputados defendendo a flexibilização do uso da máscara – principal barreira física contra contaminação pelo coronavírus. Logo agora, quando estamos apreensivos sobre uma possível segunda onda de covid-19. Através de emenda a um projeto que estava sendo votado, o parlamentar foi à última instância da Casa, o plenário, onde, felizmente, foi derrotado pelos pares.

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