Da Coluna Erivaldo Carvalho, do jornal O Otimista, desta segunda/3:
O Brasil vive o mais longo período democrático de sua república. Mas não foram as urnas, e sim a Operação Lava Jato que produziu histórica mudança de paradigmas jurídicos e políticos no combate à corrupção, entranhada no Estado brasileiro. “Nunca na história desse país” se prendeu tanta gente de colarinho branco, rica, poderosa e até então inalcançável pela lei. Seis anos e 71 fases depois, a força-tarefa, que já executou mais de mil mandados de busca e apreensão, está diante de seu maior desafio: resistir à ofensiva de uma CPI, protocolada e pronta para ser instalada na Câmara dos Deputados.
Por onde passou, a Lava Jato deixou um rastro de cadáveres políticos, alimentou polêmicas e acumulou inimigos. Não foram poucas as acusações de abuso de autoridade e interesses eleitorais – vide o périplo de seu célebre garoto-propaganda, o hoje ex-juiz Sérgio Moro, sobre quem pesam especulações de projetos políticos. A gota d´água veio há poucos dias, quando o procurador-geral da República, Augusto Aras, revelou que a força-tarefa em Curitiba (PR) tem “documentos encobertos” de cerca de 38 mil pessoas, que estariam servindo de matéria-prima para “bisbilhotagem” e “chantagem”.
Clima político definirá investigação
Protocolado pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE), o pedido de CPI da Lava Jato traz outros sete coautores, distribuídos entre PCdoB, PSB, PT e Psol. Foram recolhidas 176 assinaturas – todas validadas. Tecnicamente, a instalação está nas mãos do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mas o que definirá mesmo o destino da investigação será o clima político. O País está às vésperas de uma campanha eleitoral e, para usar um clichê, sabe-se como começa uma CPI, mas não como termina.